resquícios de março ou
livres, soltos...
definiremos
como simples sinais
por estas nossas mãos
acariciam
certos resquícios ao léu
esquecidos emprestados
um dia
algum quem sabe os recolherá
resquícios...
o espelho expulsa-me
(pusilânime) de suas molduras
invento-me em nome próprio
e nas suturas do acme,
banalizo meu infinito negativo.
buracos de fogo decoram minha página
e nessa missão precipitada em cena
de céu em chamas
me projeto, invisível, em letras
neste lento suicídio, recosto-me branco
em papel branco
pelo espelho sangram sílabas palpáveis
e resta sobre sua superfície
minha face obsoleta
vagamente estou arremessado ao solo
e em estas minhas insignificâncias
careço de depoimentos atemporais
creio permanecer semimorto
me protejo de lágrimas cinzentas
que em espasmos se põe
contra minhas máscaras
Eu também sonho meus labirintos:
pesadelos
em que minto
meus próprios monstros sobre meu ventre
Não há lupas, nem frestas!
Se vejo minhas verdades,
são máscaras em armaduras medievais
São meus espelhos espalhados
em vitrais obscuros
Sou meu próprio labirinto:
delírio convertido em imagens.
Quando me sinto,
escondo-me na vertigem (ou miragem)
já eu, escondo-me em escombros
de minhas próprias imagens
cato-me ao chão em que me piscam os cílios
conto-me histórias em quadrinhos pra
sonolento acordar a tardinha
provoco os ares com canções
para ninar,
creio em apostas de meus fantasmas
tento me crer em folhas amarrotadas
no fim da escada
eu escrevi algo que lágrimas derramaram
então, sou eu que padeço na fúria?
minha febre agora é o meu segredo em
porta-retratos espalhados aos cacos
No anoitecer, na lareira escura
de chama rara
no sopro-tormento
os anagramas do ser.
Cato retratos-cacos da tardinha
pois anoiteceu.
Anoiteceu no crisol do poema
à milésima noite
soma-se a primeira
e recompõe o homem
-caco a caco-
a letra funde
o fundo que falta
na fala do mundo.
eis que em reflexo de letras foscas
aguçam frases
e denuncia: bailam palavras
quantos martírios desfolhados estiveram
e toquem dores que feridas colhem...
a noite está relicário
labirintos que permitam
enquanto cacos fragmentos se recomponham
então poema descortine
será livre para tantos ares
eu forço o poema
corto as palavras ao meio
(violentamente)
e as espalhos incompletas
no meu corpo escritura
não posso mais lê-las!
não sou mais eu, são elas
perpendiculares ou
paralelas
que se (com)fundem
em imagens tantálicas
alheio a minha verdade,
o poema escorre-me
trágico
em gozo final.
por Raquel & Pedro
ou Sophia & Plínio
ou raquetel e pedro pong
, poema escrito a quatro mãos, alguns emails, outros telefonemas
& muitos sorrisos... hoje já sorrimos seu nascimento
por celular. [ela vem me visitar...]
queria fazer uma homenagem a esta amiga maravilhosa
de sempre e infinito. & resolvi postar este poema nosso.
, um dos maiores posts de pedro pan. mas mínimo
perto de o carinho que temos um pelo outro.
raquel viveu, morou, poetou, embriagou em a divinéia.
nos conhecemos através de a matemática & a amizade
não errou em as contas...hoje vive em patos de minas
e em o meu coração. sem dúvidas. hoje ela me diz que vem a divinéia.
, a partir de o meu "estilhaços de março"
raquel escreveu "à pedro" e resolvemos continuar o diálogo
que deu em "resquicios de março ou"...
, feliz aniversário raquel!!!
13 comentários:
, ruminando ausências...
linda homenagem pp!!!
olha só, tem muito tempo que não navego por quimeras que pareça. mas foi só tentar escrever o endereço, que lembrei de cor!
tanto essas e outras quimeras são obras primas! Assustei-me um pouco com a árvore, não me venha quebrar outro braço, tá!
não só a raquel, mas vc tb tá de parabéns, viu!!! saudades, da sua amiga siri
Muito legal o diálogo da dupla!
É muito bom ler coisas assim!
Inspira... e pira, chama chama!
abs do Jardim
a grande verdade é que a grande poesia da vida é o um com outro... é o dois ou mais... o resto são palavras ao vento...
beijo beijo
Um resquício mais longo que suspiro em velório, hein? Beleza.
Há braços!!
Nossa, fiquei confusa!
Muita fusão. Quem é um? Quem é outro? Reconheço-te por ser inconfundível, mas o vai-vém nos deixa no caminho, sem saber me que exatamente pisamos.
No início, é estranho. Querer saber quem é o poeta é meu maior defeito. Abandonando este anseio, descubro grandes encontros e me acalmo.
Outros caminhos se encontram...e quantos são!
Beijos!
Um exercício poético a quatro mãos, resultou essa beleza que pede mais exercício. Pan, aproveita a chegança de Raquel e namorem versos novamente.
Abraços duplos
Palavras em concerto-resquícios dos poetas...
Beijos para os dois!
:)
Eu quase nunca trago resquícios comigo. Os poucos que estão por só trazem mágoas... mas pouca importância dou a isso!
É um belo poema, viu?!
Beijos, Pan!!!
=*
A quatro mãos
rasgando estilhaços cortantes.
De beleza trágica, eu diria rubra.
Estrelas.
palavras sobre-voando,
mentes e olhos, à espreita,
sabor-eando...
Bela "p]homenagem"
[]´s
Nossa... poema forte.
Muito lindo, Pedro...
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