poema itinerário
num sei se ando a esmo
ou ao léu. a derradeira
vivalma que encontrei em meia
poeira, confidenciou-me que aqui
é um esmo, num é mesmo?
um esmo, um léu, um fogaréu.
se foi-se com foice badobraço
e segui oiando ermidade de
o lugarejo.
qualquer vez mando lembrança da boa
se Deus quizé. amém.
Pedro Pan
poema itinerário
nem guentava mais de tanta buniteza
e belezura que minhas vistas avistavam.
o sol queimava a água do corguinho
onde descalcei meus pés
nágua. o corguinho é pertin. se bobiá
alcanço a estrada inda e chego lá
depois de o anoitecido.
hoje andei muito divagano. parecia que
pisava em ovos, inté contei os passos.
só quando passei perto duma capilinha
aresolvi de entrá. rezei pros meus dias,
minhas noites, inda rezei um terço.
depois de a jenuflexão e sinal da cruz
senti uma brisa de corgo.
ou riberão. ou açude. ajuntei minha
matula, minha capanga, meu imbornale...
nem creditava.
aguá branquinha, quinem cachaça. passei
um tempão ali
e as piabinhas correndo sem parar.
Pedro Pan